"Évora é uma cidade branca como uma ermida. Convergem para ela os caminhos da planície como o rasto da esperança dos homens. E como a uma ermida, o que a habita é o silêncio dos séculos, do descampado em redor. Conheço, dos seus espectros, a vertigem das eras, a noite medieva, mora ainda nas ruas que se escondem pelos cantos, nas pedras cor do tempo ouço um atropelo de vozes seculares. Vozes de populaça, gritos de condenados, ecos de reis, senhores, estrépito de guerras, ódios e sonhos, sob a imobilidade dos mesmos astros. Como um cofre do tempo, irrealizado e absoluto, a cidade ignora a exactidão do presente, conhece apenas o alarme da memória. As casas novas têm todas a mesma idade de séculos. E quando se sai da cidade, a planície prolonga, até a um limite irreal, esta voz de infinitude."
VERGÍLIO FERREIRA: Carta ao futuro.
jueves, 7 de marzo de 2013
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2 comentarios:
Me encanta la limpieza de tus fotos.
Besos
Ya sabes, virgi: menos es más. Gracias.
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